Acho muito interessante o sistema utilizado nessas
caixas de leite. O tipo de embalagem utilizada, conhecida como Tetra Brik é fabricada desde a década de 1960 e foi inventada pela empresa Tetra Pak.
Uma breve descrição, retirada do próprio site da Tetra Pak, maior produtora de embalagens desse tipo no mundo (cerca de 200 milhões de embalagens por dia para 165 países - e sem quase nenhuma reciclagem):
Como é a embalagem longa vida?
A embalagem do leite longa vida (caixinha) é a Tetra Brik® Aseptic. Ela é composta por seis camadas de proteção, de fora para dentro: uma cama da de polietileno para proteger a embalagem contra a umidade externa; uma camada de papel que confere estrutura e resistência à embalagem; uma camada de polietileno para aderência entre as camadas internas; uma camada de alumínio para evitar a passagem de oxigênio, luz e microrganismos; e, por fim, duas camadas de polietileno que evitam todo e qualquer contato do leite com os materiais internos da embalagem. O resultado é uma embalagem de alta qualidade que, além de proteger o alimento contra a ação da luz, ar, água e microrganismos, evita que o aroma natural do produto se dissipe, mantendo assim a integridade do alimento por mais tempo.Bem, agora que fomos apresentados a
caixinha do leite, alguns detalhes devem ser colocados sobre o uso desse tipo de embalagem para acomodar as colônias de Kombucha durante o transporte pelo correio.
Já li diversos relatos de pessoas que utilizam essas caixas para enviar as colônias pelo correio, mas nunca li de ninguém uma explicação acerca dos motivos que os levaram a iniciar tal uso. Pensando sobre o assunto eu percebi que as pessoas projetam a imagem de uma embalagem segura e protegida. De fato é uma embalagem bastante adequada, segura e protegida,
mas somente quando utilizada na fábrica, nos processos de embalagem a vácuo e lacradas hermeticamente. Depois de aberto, o produto da caixinha entra em contato com o meio ambiente, podendo sofrer contaminação e estragar rapidamente.
Assim, a meu ver,
qualquer produto dentro dessas caixas reaproveitadas
não emeticamente fechadas e
não refrigerados estariam expostos a contaminação. O calor no interior delas durante o transporte pode ser muito intenso. Notadamente nas caixas de leite que é produto animal composto de muita gordura e proteína. Tais caixas, mesmo que muito bem lavadas, podem conter um elevado índice de microorganismos e/ou substâncias relacionados com o produto que foi utilizado originalmente na embalagem. Lembrando que: o processo de embalagem dos produtos permite a entrada do próprio produto nas frestas que se localizam por dentro da dobra da caixa, no interior da mesma. Dessa forma, mesmo vencendo um certo trabalho para deixar a caixa limpa, dificilmente conseguiríamos esterilizá-la. E mesmo esterilizada, dificilmente conseguiríamos lacrar a caixa e impedir a contaminação da colônia.
Segundo os mesmos relatos que li, e por experiência própria, não recebemos retorno das doações que fazemos, isso é, em 95% dos casos (e não foram poucos) em que eu concretizei uma doação eu simplesmente não tive mais qualquer notícia acerca da colônia, se chegou bem, se chegou com cheiro tal, se chegou com aspecto tal... Geralmente não temos esses dados. Seríamos as pessoas mais indicadas para opinar nesse caso, pelo menos muito mais do que as pessoas que recebem e nunca sequer viram uma colônia. E mesmo que as pessoas que recebem as colônias tirassem uma foto no momento que receberam e retiraram da embalagem, e examinando essa foto cuidadosamente, ainda assim não teríamos como saber se a colônia sofreu contaminação no trajeto. Assim, a meu ver, temos
por obrigação que tentar conseguir uma embalagem adequada, fácil e que não exija cuidados especiais, afinal as pessoas lêem os textos sobre como doar as colônias, se vêem motivados a doação, mas não se preocupam com uma possível contaminação. Para essas pessoas que gostam de
receitas de bolo acredito que não seja adequado estimular o uso dessa embalagem tipo Tetra Brik, já duvidando da possibilidade de uma correta assepsia. Na prática, algumas pessoas vão acabar de beber o leite,
passar uma aguinha na caixinha do leite e colocar a colônia.
Sugestão:
- Cortar a colônia em pequenos pedaços, cerca de 100 gramas já é suficiente;
- Colocar numa garrafa do tipo PET (acho que as melhores são aquelas utilizadas para água com gás) bem lavada - não ferver nem congelar a garrafa nunca;
- Adicionar uma pequena quantidade de líquido, a bebida pronta ou o vinagre de Kombucha, entre 50 e 100ml são suficientes;
- Amassar a garrafa, já aguardando alguma expansão da mesma;
- Fechar a garrafa com a própria tampa, conferindo se está bem lacrada;
- Utilizar algum tipo de enchimento e colocar numa caixa para SEDEX;
- Fechar e enviar.
Concordo com o Pedro. Acho que o líquido de
start, ou seja, algum Kombucha pronto deve ser colocado junto com a colônia durante o transporte. Esse procedimento serve para reforçar a presença das bactérias acéticas, o que dificulta a contaminação por parte de um certo grupo de bactérias. Além disso é muito útil para se conhecer o sabor do Kombucha antes de se fazer o primeiro: a pessoa recebeu a colônia e não tem nem mesmo noção do sabor que teria a bebida pronta. Isso ajuda a determinar já nas primeiras fermentações se o que está fazendo está dando certo. Lembrando que muitas vezes, mesmo os mais experientes, obtém como resultado uma bebida
sem sabor ou com um sabor
sem graça.
Sobre o vinagre é um assunto que deveríamos discutir melhor. Já li sobre o uso do vinagre inclusive para
fabricar uma colônia. Pessoas se referem a produção de Kombucha a partir da
mãe do vinagre (tema bastante amplo e que merece um tópico novo). Pessoas se referem ao uso do vinagre para aumentar a acidificação do Kombucha, para compensar mesmo a falta do líquido inicial. O uso do vinagre de maça é referido como sendo o mais adequado. Pessoalmente acho que isso é desnecessário, sendo que não precisamos produzir Kombucha do nada e temos grande quantidade da bebida e muitas vezes do vinagre de Kombucha. Concluindo, acho que é importante que se envie, juntamente com a colônia, alguma quantidade de líquido pronto.
Sobre o comentário do Soares:
Porque nao usar aquelas embalagesn de alimento que vao na geladeira? tem umas embalagens de pástico que a gente compra no mercado e que servem para guardar comida. La fala que evita contaminaçao.
Acho que essas embalagens podem ser utilizadas também. Na verdade só vi uma embalagem dessas uma vez: o plástico era bem grosso e vinha com a ponta dobrada de fábrica, com um fecho adequado e permitia que fosse lacrado. Essas embalagens podem ser encontradas com facilidade? e sobre o custo?
Eu conheço embalagens lacradas para camping. São muito boas para manter as coisas secas, mas são caras e não sei se seriam melhores do que a PET.